• 12 fev 2025

    Frente única anti-imperialista para pôr abaixo os planos anexionistas de Trump!

Frente única anti-imperialista para pôr abaixo os planos anexionistas de Trump!

A libertação completa da Palestina será obra dos próprios palestinos e dos oprimidos do mundo todo!

Nos aproximamos do primeiro mês do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas que, longe de representar um respiro para os palestinos, numa guerra que já vitimou aproximadamente 50 mil pessoas, se transformou em um período de permanência dos ataques, ainda que localizados. Ampliaram-se as ações de Israel na Cisjordânia. Constata-se o avanço do imperialismo em seu objetivo estratégico em relação ao Oriente Médio.

Donald Trump, desde que assumiu a presidência da República dos EUA em janeiro, lançou um conjunto de decretos que têm dado novo impulso à guerra comercial com a China, sendo um dos mais significativos aquele que eleva a taxação das exportações de aço para 25%. O Brasil será um dos principais atingidos pela medida. Trump defendeu o alinhamento da Europa com os EUA na guerra comercial contra a China e a elevação da contribuição dos membros da OTAN para 5%. Lançou também um conjunto de decretos relativos à chamada “pauta dos costumes”, atacando direitos conquistados pelos LGBTs. Deportou, com requintes de crueldade, centenas de imigrantes. Essas são apenas algumas das medidas que marcam o primeiro mês do novo governo estadunidense e que indicam os caminhos da crise mundial no próximo período.

Durante a visita do genocida Benjamin Netanyahu à Casa Branca, Trump expôos sua proposta de limpeza étnica. Apresentou um plano de remoção dos palestinos da Faixa de Gaza para sua reconstrução, sendo que não teriam o direito de retornar para suas casas. Segundo o republicano, não precisariam voltar porque seriam construídas casas melhores para eles, longe dali. Afirmou ainda que Israel daria o controle de Gaza aos EUA depois do cessar-fogo. As afirmações trumpista repercutiram rapidamente na grande mídia. Diferentes governos declararam sua rejeição a tal plano temerário. Lula reativou sua declaração de que o que acontece na Palestina se trata de um genocídio e caracterizou as declarações de Trump como “bravatas”. Os países árabes, mesmo os aliados dos EUA, se colocaram contra. Em um encontro com o rei da Jordânia, Trump reafirmou seu plano e acrescentou que os dois milhões de palestinos seriam deslocados principalmente para o Egito e para a Jordânia. O Ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty, disse ao Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, nesta segunda-feira (10), que os estados árabes rejeitam o plano de Donald Trump de assumir o controle de Gaza. O rei da Jordânia, Abdullah 2º, não confrontou diretamente o novo chefe do imperialismo, e se limitou a afirmar que “A questão é como fazer isso funcionar de uma forma que seja boa para todos”, uma resposta covarde, que se explica pela ameaça de Trump de manter bloqueada a ajuda econômica dos EUA à Jordânia, que tem servido nos últimos anos como um entreposto dos Estados Unidos para alocação de tropas e recursos no Oriente Médio.

Não existe forma boa para todos. A opressão do imperialismo sobre o Oriente Médio é de ordem histórica. Passou da dominação inglesa para a estadunidense no contexto da 2ª Guerra Mundial, sem que houvesse uma modificação da condição aos árabes e persas da região, especialmente aos palestinos. Pelo contrário, com a criação do Estado sionista, defendido pelo capital financeiro desde o século XIX, a opressão deu um salto. A oposição árabe logo se desfez com o crescimento do poderio militar de Israel, apoiado sempre pelos Estados Unidos. Israel se tornou uma potência militar, que avançou sobre as terras palestinas guerra após guerra, acordo após acordo, ao longo de mais de 70 anos. Mas foi a partir de 7 de outubro de 2023 que seu plano anexionista ganhou um grande impulso. O plano de cessar-fogo de janeiro de 2025 se deu sobre a base de uma pilha de mortos, idosos, mulheres e crianças. Se deu sobre a base da destruição da infraestrutura e do retrocesso das forças produtivas palestinas, já amplamente estranguladas pelo cerco sionista. Os EUA foram o fiador do cessar-fogo, para em seguida se colocar como comprador das terras palestinas.

Como se vê, a eleição de Donald Trump, expressão fascitizante de uma fração da burguesia norte-americana, tem dado novo curso à crise capitalista, principalmente no que se refere à guerra comercial e às guerras de dominação. Em relação a Gaza, foram os democratas, liderados por Biden, que financiaram Israel com recursos e armamento para que este levasse a cabo seu plano de destruição. Atuaram de forma decisiva na proteção do Estado sionista contra as retaliações dos países aliados da Palestina colocando seus porta-aviões no Mediterrâneo. E completaram o apoio com sua ação política na ONU, onde bloquearam todas as tentativas de cessar-fogo e resoluções contrárias ao massacre.

A resposta à guerra de dominação na Faixa de Gaza, que é de responsabilidade principal dos EUA, mostrou, nos primeiros seis meses, o caminho para uma luta anti-imperialista internacional. Multidões tomaram as ruas em diversas cidades e marcharam com as bandeiras palestinas contra a matança em Gaza. Milhares de estudantes ocuparam suas universidades em apoio à causa palestina. No entanto, o curso dos acontecimentos fez com que a crise de direção se impusesse. Alimentaram-se as ilusões nas massas de que o conflito poderia ser resolvido pelas instituições da própria burguesia internacional, como a ONU, o TPI etc. Sem dúvida, as resoluções tomadas nesses organismos e as declarações desse ou daquele governo burguês serviram para ampliar a denúncia, mas não poderiam dar um curso progressivo para o problema, já que encontram-se amarrados pelos pés e pelas mãos ao poder econômico dos EUA. A resposta internacional refluiu. As manifestações se tornaram isoladas e as ocupações foram duramente reprimidas pelos governos. Foi diante desse retrocesso da luta que os planos do imperialismo foram se impondo.

A classe operária internacional, os demais trabalhadores, os estudantes e todos aqueles que se colocam ao lado dos palestinos estão diante da necessidade urgente de retomar o caminho da luta através das grandes manifestações, das greves, bloqueios e ocupações. É preciso aprender com a experiência e abandonar as ilusões nas instituições da burguesia. A tarefa de formar uma frente única anti-imperialista retoma toda sua força diante da revelação nua e crua dos planos do imperialismo de anexar completamente a Palestina, transformando-a no que se está chamando de “Riviera do Oriente Médio”.

No Brasil, a bandeira que exige do governo Lula o rompimento das relações econômicas e diplomáticas com Israel ganhou grande projeção, mas não pode ser entendida da mesma forma que há 16 meses. Hoje, serve muito mais como denúncia da passividade do governo petista do que de caminho para apoiar a luta dos palestinos. O governo seguiu seus negócios com Israel, enquanto Lula se limitou às bravatas, sem nenhuma implicação prática. Somente no terreno da luta de classes, com greves, ocupações e outras movimentações é que se poderia impor ao governo o corte de relações com o Estado sionista. O governismo das direções sindicais, no entanto, pesou para o lado da passividade.

Diante da ofensiva imperialista sobre o Oriente Médio, é preciso levantar bem alto as bandeiras que unificam os explorados do mundo todo em defesa da autodeterminação da Palestina.

Abaixo os planos anexionistas de Trump!

Que os EUA e Israel tirem suas mãos sujas de sangue da Palestina!

Por uma Frente Única Anti-imperialista, organizada desde os sindicatos e organizações dos trabalhadores para responder aos planos dos Estados Unidos!

Por uma República Socialista da Palestina, como parte dos Estados Unidos Socialistas do Oriente Médio!