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08 mar 2025
Lutar pela libertação da mulher com o programa da revolução proletária!
O 8 de março é o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. Uma data marcada pela luta de classes. O combate pela emancipação das mulheres exploradas sempre foi marcado pelo sangue e pela força operária de todo o mundo.
O fim do século XIX e início do século XX foi o período de muitas lutas grevistas nas fábricas em defesa da jornada de 8 horas, dos salários e de melhores condições de trabalho. As mulheres tiveram um papel importante na defesa da redução da jornada, fim do trabalho noturno e proteção à maternidade e à infância. Com base na experiência das socialistas estadunidenses, que passaram a realizar um dia nacional de lutas em defesa dos direitos trabalhistas e políticos das mulheres, a Segunda Conferência da Internacional de Mulheres Socialistas aprovou, em 1910, que todos os países deveriam realizar atos do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, ainda sem uma data unificada. Um desses dias de luta, realizado na Rússia, em 1917, forneceu a faísca para a Revolução de Fevereiro (no calendário ocidental, o dia era 8 de março), a partir de uma greve de mulheres operárias por pão e paz, ou seja, contra a fome e a guerra. Em homenagem a essas mulheres proletárias e revolucionárias, a Conferência de Mulheres Comunistas, reunida em 1921, definiu o 8 de março como o seu dia mundial unificado. É preciso recordar sempre a origem operária e revolucionária dessa data, e a definição de mulher operária, que a burguesia busca apagar.
A importância em recuperar essa origem está na necessidade de responder com um programa classista, internacionalista e proletário à desintegração capitalista que agrava todas as formas de opressão de classe, sobretudo a opressão contra a mulher e somente o proletariado organizado pode combatê-la e eliminá-la.
A burguesia segue despejando sobre as massas todo o peso da crise capitalista que já se encontra em avançado estado de decomposição, e isso se expressa claramente no agravamento das condições de vida dos explorados, seja por meio do aumento do custo dos alimentos, das péssimas condições de trabalho, dos salários miseráveis, das jornadas de trabalho exaustivas, do desemprego, da falta de moradia, do aumento da violência, da opressão e etc. A maioria oprimida já padece das mazelas do capitalismo por si só, mas isso se reflete de maneira ainda mais profunda sobre a mulher trabalhadora.
Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) a cesta básica ficou 14,2% mais cara em 2024, sendo maior o aumento no grupo de alimentos básicos, o que resulta agora no comprometimento de mais da metade do salário mínimo vigente para dar conta de uma cesta básica tão cara. Hoje as mulheres são responsáveis por chefiar praticamente metade dos lares brasileiros (15% como mães solo), mas seguem sendo as mais submetidas à informalidade ou ao desemprego, – a taxa de desocupação das mulheres é 45,3% maior que a dos homens – a maioria daquelas que ainda conseguem se inserir no mercado de trabalho estão submetidas à odiosa escala 6×1, exercendo assim a dupla e até tripla jornada, visto que já são as principais responsáveis pela função social da maternidade e pelo trabalho doméstico. Ainda recebem os menores salários, mesmo na área de serviços domésticos, em que as mulheres são a maioria e principais responsáveis, os rendimentos são até 20% maiores para os homens, como revelam os dados da Pnad Contínua, do IBGE. E são as principais vítimas das mais diversas formas de violência provocada pela barbárie capitalista, constituem a maioria em violência física (52,0%), psicológica (64,7%) e sexual (86,7%). Em todos esses quadros é ainda pior quando se trata de mulheres negras.
Esses dados retratam a situação no Brasil, mas no âmbito internacional é tão grave quanto. O governo recém empossado de Trump já tem tomado medidas de ataque aos explorados, principalmente em relação a imigrantes, foram 37 mil deportações em 1 mês, além da reativação da prisão em Guantánamo onde alguns estão sendo detidos. Também foi restabelecida a política de ‘pressão máxima’ e ameaças contra o Irã. Além das sugestões para que Israel interrompa o cessar-fogo e que os palestinos sejam retirados da Faixa de Gaza de forma permanente, deixando claro a intenção de que os EUA assumam a região.
As guerras de dominação imperialista seguem massacrando um contingente gigantesco de massas pobres. O genocídio na Faixa de Gaza tem entre suas vítimas 70% de mulheres e crianças. Com o avanço das tendências fascistizantes e a escalada bélica entre as potências, esse cenário torna-se ainda mais preocupante.
Isso mostra que não temos nada a comemorar, mas sim que temos a frente uma árdua luta para travar em busca de direitos, melhores condições de vida e superação deste maldito sistema. O que só pode se dar com a independência política diante dos governos. Este terceiro mandato de Lula comprova, mais uma vez, a incapacidade do nacional reformismo responder às necessidades mais sentidas das massas e principalmente a opressão sobre as mulheres, assim como qualquer outro governo submetido à política burguesa. Com alianças cada vez mais à direita, Lula manteve as contrarreformas trabalhistas, previdenciária e até mesmo as normativas bolsonaristas de restrições ao já limitado aborto legal. A submissão ao agronegócio e às mineradoras leva a um quadro de violências continuadas sobre camponeses, indígenas e quilombolas, com maior peso sobre as meninas e mulheres. A serviço do capital financeiro, Lula impõe cortes nos gastos sociais e sua própria contrarreforma. A restrição ao BPC, por exemplo, é um duro ataque às mulheres que, em geral, arcam com os cuidados de pessoas com deficiência em seus lares.
É fundamental compreender que não há possibilidade de reformas sob o capitalismo, portanto, é necessário superar as ilusões no Congresso, no judiciário, nas leis, nas eleições e romper com as direções conciliadoras que desviam as lutas para essas vias fracassadas. Devemos confiar somente em nossas próprias forças, em nossos métodos próprios de luta e organização para pôr em pé uma direção revolucionária. A raiz da opressão da mulher é de classe, está na propriedade privada dos meios de produção, que condiciona sua subordinação no ambiente doméstico e as discriminações sob o capitalismo. A luta pelo fim da opressão das mulheres está indissoluvelmente ligada à luta pelo fim da exploração da classe operária, o divisionismo em torno das “identidades” preserva as discriminações ao impedir a ação unitária.
A luta deve ser pela incorporação de todas as mulheres à produção social, por meio da divisão das horas de trabalho entre todos aptos a trabalhar. Pela superação da discriminação salarial, ou seja, que o mesmo trabalho tenha a mesma remuneração, e que não seja inferior ao salário mínimo vital (nos cálculos do DIEESE, R$ 7.156,15). Pela libertação da mulher da escravidão do lar, por meio da transferência deste trabalho para o Estado, por meio da criação das creches, lavanderias coletivas, restaurantes populares, etc. Pela estatização de toda a rede privada de saúde e criação de um sistema único, integralmente público, gratuito e sob controle operário. E que a função social da maternidade seja protegida e o direito ao aborto seguro e gratuito seja garantido pelo Estado.
Que esse dia 8 de março seja um ponto de partida para a unificação de todos os movimentos em torno da construção de um Dia Nacional de Luta em defesa dos empregos, salários, direitos e fim de todas as formas de opressão.