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10 abr 2025
Manifesto aos trabalhadores, aos sindicatos, às organizações que se reivindicam da classe operária
O agravamento da crise mundial terá consequências terríveis para os oprimidos em todo o mundo
Cabe à classe operária enfrentar a decomposição capitalista com sua política própria
Estamos diante de um forte agravamento da crise internacional devido à ofensiva de Trump para recuperar o lugar hegemônico dos EUA a qualquer custo. A burguesia das potências e dos países atrasados estão se debatendo em como responder. Tentando amortecer o choque, mas não conseguem derrotar esse ataque. O que sabemos é que buscarão descarregar a crise sobre as costas dos trabalhadores, da maioria oprimida.
A aguda crise econômica nos Estados Unidos, que ainda nem conseguiu fechar o estouro de 2008-2009, levou a principal potência a adotar medidas ultra protecionistas, rompendo a política de globalização e “liberdade de comércio”, que implementou nas últimas décadas. Seu objetivo é reduzir seu endividamento, para diminuir os juros resultante da dívida, reduzir o déficit da balança comercial, integrar localmente suas cadeias de suprimentos vitais, aumentar a produção de mercadorias em seu país e expandir seu território por meio de anexações, para garantir o fornecimento de minerais necessários etc. Estas medidas vão gerar recessão, aumento dos preços, desaceleração da economia, mais desemprego e precarização para os trabalhadores, mesmo nos EUA.
Essa política desesperada e arrogante dos Estados Unidos fortalece as tendências à guerra, como já se observa, especialmente no Oriente Médio, com a continuação do massacre genocida em Gaza, objetivando expulsar os palestinos de suas terras. Trump pressiona abertamente para anexar a Groenlândia, subjugar o Canadá e impor uma paz imperialista na Ucrânia, que garanta a pilhagem de seus recursos. Seu objetivo estratégico é o de enfrentar a China e deter sua ascensão, uma batalha para a qual precisa se preparar, mas que já está se processando, como mostram suas iniciativas no Panamá, nas rotas marítimas do Ártico, bem como a exigência para que as semicolônias rompam os acordos econômicos que têm com a China.
Esta crise expõe a ruptura entre as potências imperialistas e o choque de interesses entre diferentes setores da burguesia imperialista dentro dos EUA. A ruptura dos acordos após o fim da Segunda Guerra Mundial não é coincidência: põe a nu as contradições insuperáveis do capitalismo que se acumularam, o choque entre o alto desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção, assim como o choque com as fronteiras nacionais, a queda na taxa de lucro, a crise de superprodução, exacerbada pela contração do mercado em que o consumo caiu drasticamente como uma consequência do aumento da pobreza geral da população.
Estamos diante de um capitalismo em agonia, que não pode ser reformado e que objetivamente coloca para o proletariado a tarefa de acabar com ele por meio da revolução social. A classe operária deve reagir em todo o mundo, enfrentando essas políticas e suas consequências desastrosas que podem levar a humanidade a um caos maior do que o que já vivido e do qual será mais difícil de sair.
As burguesias locais se limitarão à tentativa de negociar com os EUA, para mitigar o impacto das medidas, buscando conseguir alguma vantagem. O BRICS não foi capaz de dar uma resposta conjunta. Cada país afetado, independentemente do tamanho do ataque, procura defender seus interesses separadamente. Não podemos confiar em nada que cada fração da burguesia nacional possa fazer.
Cabe à classe operária e aos demais trabalhadores defenderem as condições materiais de vida e trabalho da maioria oprimida, que se acha ameaçada. Está posto o enfrentamento ao ataque imperialista que Trump desencadeou:
* Defender o poder de compra dos salários e aposentadorias para que não continuem destruindo o valor da força de trabalho (as desvalorizações das moedas ou o aumento das tarifas aumentarão a inflação em todos os lugares);
* Impedir o fechamento de fábricas, demissões, suspensões, lutando pelo emprego a todos. A burguesia e seus governos argumentarão que a perda de mercados força as realocações, fechamentos, redução de postos de trabalho etc. Diante dos ataques do grande capital contra a força de trabalho, é necessário lutar pelo controle operário da produção.
* Rejeitar qualquer contrarreforma que busque precarizar ainda mais as condições de trabalho sob pretexto da recessão, depressão ou guerra comercial.
* Nas nações oprimidas, cabe aos explorados tomar em nossas mãos a luta pela defesa das indústrias e pelo genuíno desenvolvimento industrial. As mercadorias que não podem entrar nos EUA ou na Europa procurarão penetrar no restante dos mercados liquidando ou enfraquecendo suas indústrias.
* Rejeitar a entrega e pilhagem de nossos recursos; acabar com todas as formas de pilhagem financeira.
* Rechaçar todas as imposições do imperialismo, defendendo a soberania e a autodeterminação das nações. É necessário combater o armamentismo das potências, expulsar as bases militares do imperialismo, romper os acordos militares.
A classe operária deve se tornar a direção de todos os oprimidos, levantar-se com seus próprios métodos de luta, com suas próprias organizações, com sua própria política, tornando-se independente de qualquer tutela da burguesia. Nos últimos dias, testemunhamos mobilizações de massas nos EUA e na Europa rejeitando as políticas de Trump, o que potencia a luta de classes, mas ainda não há uma orientação que unifique as lutas com uma perspectiva independente, proletária, internacional, rumo à vitória.
A classe operária, os trabalhadores e a maioria oprimida deve se colocar o problema de como tomar a direção da economia em suas mãos, como a organizar e planejar em base às necessidades. Como abolir o poder dos capitalistas que, em sua agonia, levam à destruição das condições elementares de existência das massas. E, ao mesmo tempo, como abordar a própria luta pelo poder. Também se constata em todos os lugares a agonia das formas de dominação democrático-burguesa. Políticas de ajuste, de ataque a direitos, são acompanhadas por um crescente autoritarismo e direitização dos governos.
Trata-se de promover a mais ampla unidade das lutas, exigindo que os sindicatos e centrais sindicais se coloquem à altura da luta que está posta, rompendo os laços com os governos, com os partidos que defendem a grande propriedade privada dos meios de produção. Trata-se de todos os setores da vanguarda consciente trabalhar sob essa perspectiva.
Estamos conscientes da enorme fraqueza política da classe operária que resultou das derrotas, traições e vacilações, da dissolução das maiores conquistas que o proletariado havia alcançado. É hora de revitalizar a intervenção nos movimentos com uma política independente. Esta crise é uma oportunidade para politizar as massas, avaliar os erros e analisar os problemas do passado, procurando superá-los no combate ao imperialismo e às expressões capitalistas locais. Temos de amadurecer politicamente a tarefa de reposicionar a classe operária como o centro dirigente das massas, em nossos países e em escala mundial. Este é o trabalho que o CERQUI encarna, voltado a reconstruir o Partido Mundial da Revolução Socialista.