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21 dez 2016
21 de dezembro de 2016
O reitor Zago, sob ordens do governador Alckmin, obteve uma liminar para despejar, se necessário com o chamado uso da força policial, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), da sede que ocupa há décadas dentro da universidade.
O ataque do reitor/governo é desfechado em meio a uma série de medidas que vêm sendo tomadas desde 2014, no sentido da maior elitização, precarização e privatização da USP, chamado de “desmonte” da USP.
O Sintusp é um obstáculo ao objetivo de Zago/Alckmin de acabar com o trabalho de funcionário público na USP e substitui-lo pelo trabalho terceirizado. O sindicato é a organização dos funcionários para lutarem por suas reivindicações. Neste momento, a defesa do emprego e salário, ameaçado pela política de congelamento, são as mais sentidas. A terceirização vem sendo imposta como mecanismo de favorecimento de empresas, que abocanham verbas públicas, contratam sob a superexploração do trabalho e depois disso ainda há aquelas que desaparecem, deixando trabalhadores sem salários e direitos e com o dinheiro público no bolso. A universidade ainda tem de pagar (de novo) pelos compromissos trabalhistas assumidos pelos larápios.
Os trabalhadores da USP têm um histórico de lutas. Participaram ativamente da maior parte das mobilizações dessa universidade, desde os tempos da ditadura militar. Criaram sua associação, depois transformada em sindicato, como instrumento de sua luta coletiva. Conquistaram com mobilização o direito de terem um espaço para o Sintusp dentro da universidade. As características de trabalho coletivo em várias unidades (restaurantes, prefeitura, hospital, creches, etc.) criou as condições para a luta mais geral, com os métodos próprios da classe operária (greves, ocupações, bloqueios de ruas e avenidas). Com essas lutas, fortaleceram-se as formas organizativas correspondentes (assembleias, comandos de base, sindicato). Criou-se um sindicato que manteve as portas abertas a todos os movimentos sociais que o buscaram, transformando-se em referência.
Os funcionários estiveram ao lado dos estudantes na maior parte das grandes mobilizações na USP. A importância das lutas em defesa do ensino público e gratuito e por democracia e autonomia universitárias na USP está no fato de ser a principal universidade brasileira, para onde tanto os demais estudantes quanto os governos e a burguesia dirigem seus olhos. Trata-se de um laboratório tanto das lutas e mobilizações, quanto do privatismo e elitismo. As mobilizações contra a ditadura militar, contra os pacotes dos governos, nas greves gerais, nas lutas gerais dos trabalhadores, contra as fundações privadas, contra o maior intervencionismo dos governos sobre as universidades, contra as medidas de arrocho salarial, pela aplicação das cotas contra o racismo governamental, muitas delas se espalharam pelo estado e pelo país.
O Sintusp, enquanto organização sindical geral dos funcionários da USP, deve ser defendido a todo custo do despejo pretendido pelo reitor/governo. A defesa do espaço do Sintusp vai além da permanência do sindicato no espaço em que grande parte dos funcionários estão. Zago/Alckmin sabem que só vão conseguir acabar com todo trabalho público na USP se removerem o Sintusp do caminho.
Por outro lado, os funcionários da USP já mostraram na última greve terem compreendido a necessidade de enfrentar o conjunto de ataques do reitor/governo com a luta geral de estudantes, funcionários e professores não vinculados à burocracia autoritária. E a greve de 2014, essencialmente salarial, a mais combativa dos últimos anos, provou que isolados não conseguirão derrotar de conjunto a reitoria e o governo.
Por tudo isso, a tarefa de defesa do Sintusp vai além do empenho que tenham os funcionários. Cabe aos estudantes se juntarem à luta contra o despejo. Cabe aos que estudam e trabalham levar a defesa do Sintusp, como parte da defesa da USP pública e gratuita, para fora da universidade. Ganhar o apoio da população assalariada. Ir aos sindicatos e demais organizações sindicais e populares, reivindicando seu apoio. Formar um comitê geral de defesa do Sintusp e da USP contra a precarização, privatização e elitização.
Por esse caminho, será possível construir uma unidade real, sem submissão de um setor pelo outro, e que caminhe para a unidade com o proletariado e demais oprimidos na luta geral contra a burguesia e o capitalismo.
São Paulo, Dezembro de 2016
Corrente Proletária na Educação
Corrente Proletária Estudantil
Partido Operário Revolucionário